DESCRIÇÃO

Imagine um terreno numa ladeira tão inclinada que lembra mais uma pista de esqui, fincado bem no meio da maior floresta urbana do planeta, a Serra da Cantareira. Agora, tente imaginar a missão que o arquiteto Hélio Carneiro assumiu: erguer uma casa ali sem ter que derrubar um pé de árvore a mais do que o necessário. A ideia era uma casa sustentável, preservando 75% da mata nativa e mantendo, de brinde, uma vista de tirar o fôlego – algo que deixasse não só a fauna local feliz, mas também os pais do próprio arquiteto, que iam morar ali.

Dois platôs naturais surgiram como ponto de partida, dando uma direção para que o projeto abraçasse o terreno em vez de brigar com ele. Mas a tarefa, claro, ia além de uma vista bonita. Com um cronograma enxuto – afinal, a família queria se mudar logo – e um orçamento de quem precisa apertar daqui para folgar dali, Hélio teve que dar um show de criatividade. E havia um pedido especial: todos os ambientes principais – suíte do casal, sala de estar, cozinha e jantar – precisavam ficar no térreo. Nada de escadas. O pai do arquiteto, já com a mobilidade reduzida, precisava se deslocar com conforto, e as portas foram pensadas para que cada espaço fosse acessível e acolhedor.

Para realizar essa visão, Hélio optou pelo sistema Light Steel Framing, ou simplesmente steel frame, uma estrutura de perfis metálicos leves que, revestidos com placas cimentícias, substituem as tradicionais paredes de alvenaria – mas pesando só um quinto delas. Essa tecnologia não só permitiu que a obra ficasse pronta em seis meses, como ajudou a integrar a casa ao ambiente ao redor.

E foi assim que nasceu uma casa que parece ter brotado da própria mata, uma residência que respeita o terreno, atende às necessidades da família e declara, em cada canto, um amor silencioso pela natureza e um respeito por todos que habitam nela.